Lucas Leal: “De Olinda-PE para o Mundo”
Em 2023, Lucas Leal contou, em entrevista para Uol, um pouco da sua paixão pelos estudos artísticos e como decidiu explorar o mercado audiovisual durante a pandemia, culminando em um momento marcante em sua transição das ruas para a TV ao atuar em “Cara e Coragem” ao lado de Mel Lisboa e Kaysar Dadour.
Entre outras experiências, Lucas também participou da série Rio Connection, contracenando com Marina Ruy Babosa e Romulo Arantes Neto.
Em 2024, o também historiador e pedagogo, está conciliando as suas atividades como professor substituto no curso de Museologia na Unirio, na prefeitura do Rio de Janeiro e no curso de teatro da UFBA EaD com seu trabalho artístico na @cia.catart (onde faz a gestão artística e este ano vão lançar a web série “Porto de Galinhas: Memórias da adolescência”); com suas participações no mercado do audiovisual.
Este ano, Lucas participou como Pernalta em um comercial na prefeitura do Rio (para conscientização sobre assédio no Carnaval 2024), refez como ator, o meme do John Travolta em Pulp Fiction no comercial do Sebrae e foi o manobrista Joãozin no Rancho Fundo, contracenando com Larissa Bocchino e Luisa Arraes.
Agora está em preparação para atuar no Filme “Yago está diferente” que foi escrito e será dirigido por Toya Teicher, onde interpretará o Médium Cláudio. Este papel foi pensado para um ator de 40 anos, e apesar de estar com 38 e ser jovial, o ator resolveu mandar seu material com barba e cabelo longo, onde consegue imprimir um “quarentão”. No mesmo dia a produção entrou em contato e marcaram uma reunião online; na conversa, Toya disse que ao ver seu Material “tinha escrito para uma pessoa exatamente como você é”. Ainda assim tiveram testes presenciais, e Lucas fala que se dedicou muito nesse projeto, porque ao falar com a diretora “se arrepiava todo”, afinal, Cláudio, era ele.
Embora não seja espírita (Lucas é católico de formação),ele fala que tem uma relação muito direta com Deus, e costuma dizer que é “ator de Cristo”. Isso, para ele, não significa santidade, muito menos se colocar em posição de ser “perfeito”.
É dessa forma que ele costuma levar sua vida, acreditando sempre no melhor, na lei da atração, e nos seus objetivos, que não são pequenos, afinal, Lucas falou que “gostaria de mudar o mundo e ver todas as pessoas felizes” (ele ri constrangido, primeiro por saber da utopia do seu desejo, e por não querer aparentar inocência... mas como todo bom pisciano, não desiste de fazer o bem)
O ator revelou que toda semana faz testes e manda material quando solicitado, e ainda que receba vários “nãos”, todo “sim” que recebeu, desempenhou da melhor forma, o que não significa ter sido aplaudido plenamente.
Por ser nordestino (nascido e criado na praia de Casa Caiada – Olinda-PE), percebemos, na conversa com ele, a resiliência necessária para seguir na carreira artística. E é muito emocionante ouvir/ler/ver um artista tão comprometido com seus sonhos e desejos.
Lucas adora falar sobre o tempo, e que está vivendo o seu futuro, algo que ele achava inalcançável e que, graças a Deus, hoje é possível colher os frutos de tantas tentativas.
Perto de ter “chegado lá”, percebemos que Lucas é grato pelas pequenas coisas que conquistou, como seu concurso efetivo na Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, sua casa na favela Parque da Cidade (Gávea-RJ) e suas motocas, como ele mesmo diz, “humildes transportes, pois não são motos caras, mas são úteis para meu deslocamento de Laranjeiras para Realengo, onde leciono atualmente (e para onde for preciso).”
Desapegado de bens materiais, fala que essas pequenas conquistas são mínimas para viver em paz e não se "aperrear" com o mês seguinte, afinal, tem emprego, casa, transporte particular e emprego fixo.
Uma coisa interessante do seu trabalho, é sempre vincular um pouco da sua vida, e transformar em ficção, como no texto teatral “Porto de Galinhas: Memórias da Adolescência” (que agora vai vir como Web série). Ainda que a história seja ficcional, todos os personagens são com base em pessoas que fizeram parte da sua infância, como a “GANG dos GALINHAS” (Diego, Alyson e Luiz, seus melhores amigos de Olinda-PE).
Não querendo dar muito spoiller, há coisas bem interessantes nesse trabalho, como a participação de pessoas que gravaram em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Outro ponto legal, é a participação de Andrey Lopes, ator que interpreta 5 personagens no filme “Luccas e Gi em: Dinossauros” (que estreia agora 11 de julho nos cinemas) e estará na próxima novela do SBT (A Caverna Encantada).
Lucas relatou que conheceu Andrey assim que ele chegou no RJ, em um teste para o teatro (2010) e quando foi escrever a peça, pensou nele para o personagem “Andrey”. Quando a equipe decidiu transformar em Web série, ele ligou para o amigo e falou “você vai fazer você mesmo na minha web e não aceito recusa” (ainda que consciente da potência que é esse ator hoje no mercado audiovisual, Lucas sabia que teria o “sim”, porque, entre outras qualidades, falou que Andrey é super humilde e gente boa com seus amigos). Mas, chega de “fofoca”, a Web terá 8 episódios e está em fase de pós-produção e vocês poderão assistir tudo em breve.
Bem, como dissemos, o ator Lucas Leal adora falar do tempo... e foi escrevendo sobre o tempo, postando seu material, que ele chegou nessa capa de revista, quando nossa produção o achou interessante para ilustrar o gênero masculino na Revista e desmistificar que ela é apenas para mulheres. Lucas ficou tão feliz e empolgado que falou no mesmo dia com sua assessora de impressa, a atriz e produtora Keila Martins, que queria participar desse nosso projeto. E estamos aqui, felizes em conhecer e relatar um pouco mais sobre esse nordestino “cabra da peste”, ou como ele disse, “eu sou pernambucano, e como dizia o eterno professor de História de Pernambuco, José Ernani “Mestrinho”, todo Pernambucano, tem uma efervescência natural na alma”
Nessa prosa toda, boa e meteórica, Lucas também falou sobre o saudoso Wakder Gervásio Virgulino de Souza, outro pernambucano “arretado” que conquistou o Rio de janeiro e ajudou muito Lucas, quando aceitou ser seu orientador no curso de Bacharelado em Artes Cênicas – com habilitação em Teoria do Teatro. Lucas disse que “como todo curso de artes, ou sei lá, todo curso universitário, a Unirio é cheia de ego, e Walder foi um cara humano, ele não queria mais orientar ninguém porque ia se aposentar no final daquele ano de 2015, mas resolvi levar a introdução (13 páginas) do meu trabalho que estava quase todo pronto (*são 266 páginas de contextos e relatos, com muito rigor teórico), e na aula seguinte ele falou que ficou sem dormir, doido par saber aonde iria chegar”.
Seu texto fala sobre “tentar ser artista em um espaço onde só estudam outros artistas” e Lucas relata que “ninguém queria mexer naquilo”, “meu projeto estava parado 2 anos no departamento, porque escrevi coisas que ninguém queria ler, principalmente pela própria incapacidade de formar um artista que não aceita opressão institucional”.
Além de Walder, Lucas citou a importância de Flora Süssekind e Sylvia Heller para sua conclusão no curso. Hoje, quase 10 anos depois... ele diz que “não faria nada do que fiz”, mas, “se sou quem sou, é porque fiz coisas que não faria mais”, “aprendi na dor e também no amor” (a arte tem dessas coisas).
Lucas ficou na dúvida se falava essas coisas, porque hoje em dia as pessoas só postam seus momentos felizes e há uma positividade tóxica nas redes, mas ele deixou nítido o quanto ama a Unirio e que infelizmente esse ano não pôde fazer o concurso para professor no departamento de teoria do teatro lá, porque seu doutorado na UFF é considerado em ciências sociais aplicadas, e a Instituição aceitava apenas ciências humanas e artes; “fiz referimento antes de acabar a inscrição para incluir ciências sociais aplicadas, afinal, eles aceitaram graduação nessa área, e não incluíram, ainda assim me inscrevi, porque em outras universidades meu curso é ciências humanas, e indeferiram minha inscrição – também não aceitaram meu recurso – então, alguém que se formou em ciências sociais aplicadas pode ser professor no curso que eu me formei, mas eu não posso ser, porque meu doutorado é em ciências socais aplicadas, faz algum sentido isso? E foi por isso que quis falar nisso, na entrevista. Estamos acabando com a interdisciplinaridade, ou sei lá o que, de repente, Deus quer algo diferente para mim. Acho que ele quer que eu seja ator e não professor de artes.” Ele sorriu e falou: “Não estou aqui pedindo emprego, mas gostaria de uma oportunidade mais contundente no audiovisual, para virar a chave, e aí sim poder colocar meus projetos sociais para frente, como construir um cinema na favela, gratuito, com cursos e tudo mais.”
Para encerrar, Lucas fala que cada dificuldade na vida faz parte do desenvolvimento do ser humano, e hoje ele está feliz com tudo que tem acontecido... e ao rever as gravações da sua defesa na Unirio, 10 anos atrás, ele finalmente entendeu o que foi dito pelos professores. Há um valor enorme no seu trabalho, de relatar todo o processo de construção de intervenções cênicas, transformar espaços públicos em cenários artísticos, e o público como atores.
Na defesa disseram “pare de perder tempo com guerra menores, vai sempre ter alguém que não gosta do nosso trabalho, critica quem está fazendo algo, e é por isso que seu trabalho tem valor estético, porque você apesar das dificuldades institucionais, executou tudo que planejava, e ainda conseguiu ser contemplado com bolsa de iniciação artística e cultural, institucionalizando sua pesquisa – e mesmo que você não entenda isso agora, nós professores aqui, jamais vamos esquecer sua presença – seja essa pessoa que você é, batalhadora, e o futuro será brilhante”.
É isso... como ele diz, “sou Lucas Leal, 9 letras, nascido e criado na praia de Casa Caiada, de Olinda para o Mundo, quem me ama obrigado e quem me odeia... desculpa, não vou discutir com você, estou ocupado sendo feliz e fazendo arte”.
Resumo da formação:
Lucas Leal: Historiador, Pedagogo, ator e diretor. Formado pela Unirio, DRT 42.573/RJ. Mestre em educação (Unirio); Doutor em Política Social (UFF) ; membro da @cia.catart
Atualmente professor substituto no curso de Museologia UNIRIO; Pós-doutorando no Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-UFRJ); Tutor no curso de Licenciatura em Teatro EAD na UFBA; Membro do grupo de pesquisa "A Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPCC)" da Casa de Rui Barbosa.; Professor efetivo no Ensino Fundamental 1 - anos iniciais na SME/RJ.
Whats: 021982030203 / Lattes: http://lattes.cnpq.br/8917115365394606
E-mail: lucaslealcultura@gmail.com
Assessoria de impressa: https://www.instagram.com/_keil.al/
Fotos:
Links:
Livro-filme-teatro: https://www.instagram.com/pequenolivrosemtitulo
Web série que dirigiu e atuou com alunos do grupo vip da Produtora de elenco Erika Slama: https://www.instagram.com/temposestranhxs
Web série que fez durante a pandemia: https://www.instagram.com/vireimalhacao98
Playlist com algumas cenas atuando:
John Travolta no comercial do Sebrae (2024)
Participação em Cara e Coragem TV Globo agosto 2022
Para acessar material do ator: https://elencodigital.com.br/LucasLeal
Página no facebook https://www.facebook.com/LucasLealPerforMAN
Notícia sobre comercial do Sebrae:
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