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Graça e Valdir Espinosa (in memorian)

Atualizado: 12 de jun. de 2021


ETERNOS NAMORADOS

Comemoramos o dia dos namorados mesmo depois de 50 anos de casados.

Que coisa gostosa chegar no mês de junho e ainda querer, por amor, comemorar essa data!


Eu, Maria da Graça Serpa Espinosa, morava no apartamento 4. Ele, Valdir Ataualpa Ramires Espinosa, morava no apartamento 2, na Rua Demétrio Ribeiro, Edifício Capitólio, em Porto Alegre/RS


Eu tinha 11 anos quando em 1961, me apaixonei.

Ele não se apaixonou nesta época, demorou mais um pouquinho, eu desconfio.

Meus pais não permitiam o namoro, "onde já se viu, tão pequena!" mas dávamos nossos jeitos de manter o encantamento: as vezes conversávamos sobre o muro que dividia as áreas externas.


Quando fiz 14 anos, meus pais permitiram o namoro, "mas na porta!", eles disseram.

E assim fizemos.


Valdir só pisou dentro do meu apartamento no dia 13 de janeiro de 1965, quando celebrei meu aniversário de 15 anos.

1965!Meus 15 anos com o meu “namorado”! Vida bem vivida!


Namoramos dos 14 aos 18, logo depois casamos.

Uma fase maravilhosa na minha vida foi quando noivei e coloquei aquela aliança grossa na mão direita.


Como me dava prazer e alegria desfilar com aquele anel no dedo, feliz da vida… aquele guri era o amor da minha vida e eu sabia que era.


Nosso casamento foi lindo, simples, mas muito lindo.

Nossa festa foi muito boa, como me diverti!

Há 52 anos!


Um dos dias mais felizes de minha vida: O Nosso Sim!!


Agradecendo a Deus pela sabedoria de vivermos intensamente nossa união!

Tudo Maravilhoso, tudo compartilhado, tudo resolvido com Cumplicidade e Amor.

Quanta falta me fazes! Amor Eterno! Saudades!


Eu estava feliz por ter casado com o guri que eu queria casar desde quando aqueles olhos verdes só podiam existir um tanto longe de mim.


Tivemos uma vida muito intensa desde o momento em que casamos.

Nosso companheirismo sempre foi muito grande, sabíamos os companheiros que éramos um para o outro e fortalecemos isso todos os dias.

Andamos por montanhas, por mares tranquilos, calmarias deliciosas, túneis, terremotos… juntos.

Sempre juntos.

Em um determinado momento, tivemos uma cisão rápida onde ele teve como fruto, o nosso terceiro fruto, como costumo dizer.


Do nosso casamento temos dois filhos, o Rivelino (51) e Allan (43), o nosso terceiro filho, como eu digo, é o Daniel, filho dele com uma moça com quem ele teve uma relação.

Valdir com os filhos, Allan, Daniel, Rivelino e um pedacinho do nosso Samoida querido HIRO, que já não está entre nós


Como todas as coisas na vida, atravessamos, resolvemos, seguimos. Hoje, sou muito amiga da mãe do Daniel e é uma pessoa por quem tenho muito carinho.


Nossa vida foi sempre viajante, nômade pela profissão dele: como jogador e depois como técnico.

Viajamos muito pelo mundo, fomos em muitos estados pelo Brasil e também fora do país.

Em Tokio

Em 1989, quando viemos pro Rio - ele, juntamente com a equipe de direção, tirou o Botafogo de um tempo de 21 anos sem títulos.

No Grêmio foi campeão da primeira libertadores do clube e o técnico comandante do único título mundial interclubes.

Era um cara muito inteligente, via o futebol de um jeito muito único, lá na frente.


Um marido gentil, amoroso, romântico do seu tempo, sempre querendo satisfazer os meus desejos, ele era genuinamente assim.

Um tanto machista no início, como todo gaúcho naquela época era - hoje ainda são, imagina na época - depois foi aprendendo e tornando isso mais brando.


Até hoje tenho no quarto bilhetes que ele me deixava.

Ele escrevia "te amo", "tenha um lindo dia", em um dia qualquer, sem uma data nossa pra comemorar.

Talvez ele tenha entendido isso: todo dia era um tanto nosso mesmo sem ser data nenhuma marcada.


Sinto uma ausência tão presente que nunca achei que fosse possível.

O verdadeiro amor toma a gente por inteiro e não morre nunca.


Mesmo ele tendo partido dessa vida para o céu - porque é nisso que eu acredito - eu sei que ele vive em mim em cada pedaço meu porque construímos essa vida tão bonita que construiu essa família maravilhosa, com netos maravilhosos, filhos maravilhosos.


A neta AImée era a rainha do vô e Rieguel, o neto, o "seu bichinho".


Lembranças lindas e maravilhosas que permeiam a vida da gente e embora tragam momentos de saudade, são lugares que vamos com o pensamento, espírito e coração alegres porque sabemos que vivemos intensamente um amor lindo entre todos.


Assim vou remanejando tudo, descobrindo novos caminhos e novas etapas.


Todas as fotos, passeios, o que construímos são lembranças na memória e até mesmo físicas, como as que ficam guardadas em caixas.

Noite dos “Sempre Namorados e Enamorados” com meu filho Riva e sua esposa Marta

Com nosso filho Allan e esposa Clariça

Valdir, seu filho Daniel, meu de coração, como um terceiro filho

Com nosso filho Rivelino e sua esposa Marta

Assistimos muitos shows, dançávamos, aproveitávamos muito.

Sempre curtimos muito nossa vida a dois.

Cinema não era muito o que ele gostava mas show era seu lugar de alegria…

Não têm um momento que não tenha a presença dele em mim.


Em tudo que faço, ele tá comigo.


Todos os dias da minha vida ele me olhava e dizia "te amo. tu é linda", isso é algo que hoje em dia eu penso "ah, se eu pudesse ter isso gravado pra ouvir pra sempre"... não tenho gravado pra ouvir no celular mas quando fecho os olhos é como se eu desse o play em um áudio.


Nossa história não se acabou.

Na verdade, uma vida de mais de cinquenta anos juntos não se acaba.


Ele foi morar com Jesus em 27 de fevereiro de 2020.


Nós éramos um, não era uma ideia fantasiosa, uma ilusão romântica de uma criança que idealizou o amor.


Ele não sabia se virar sem mim e eu descobri que também não sei muito me virar sem ele.

Mas em todos esses momentos que ele dizia que não sabia se virar, ele seguia.


Então eu sigo também.

É engraçado olhar para trás e lembrar que eu não conseguia dormir quando ele viajava a trabalho, não conseguia dormir sozinha.


Quando ele faleceu, passei três meses de noites insones e fui me alimentando do amor dele até as coisas se acomodarem dentro de mim.

Fui inundada de amor.

Todo aquele mar que naveguei com ele, tinha agora sido inundado pelos frutos do nosso próprio amor.


Minhas noras Marta e Clariça me envolveram num abraço tão amoroso… amor multiplica.


Soma, multiplica.


E a minha com ele sempre foi assim.

Enorme, latente, que fica.


Sou muito grata a Deus, ao meu Jesus.

E ao meu marido que mostrou o mundo à uma menina de famíia simples, nascida em Estrela.

Talvez isso tudo já tivesse escrito por Deus desde o início: uma menina nascida em Estrela têm hoje no céu, o seu maior amor.

Tatoo feita no meu antebraço por meu neto Rieguel


Realmente somos e seremos sempre os Eternos Namorados !



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