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Sexualidade feminina contemporânea: superando preconceitos, análise sob um olhar psicológico


Sexualidade é uma parte saudável, natural e vital da mulher.

A atitude sexual contemporânea, particularmente a feminina, está cada vez mais em discussão e compreensão. A sexualidade feminina, um tema que historicamente tem sido reprimido, estigmatizado e considerado tabu, está finalmente se afirmando em muitas sociedades em todo o mundo.


A psicologia oferece uma visão única da sexualidade feminina, ajudando a ruptura dos preconceitos que a cercam. Ela proporciona uma melhor compreensão da complexidade e diversidade da sexualidade feminina ao analisar o quadro mais amplo: os fatores emocionais, psicológicos e sociais.


Os preconceitos em torno da sexualidade feminina têm raízes profundas na história. Frequentemente, a mulher é vista em duas luzes opostas: o papel histórico tradicional de mãe e a sexualidade renegada como algo profano. Ambas as visões, seja a sexualidade sublimada ou estigmatizada, refletem uma negação da complexa sexualidade feminina.


Até o ano de 1930, as mulheres brasileiras não podiam participar do processo democrático eleitoral.

A sexualidade feminina é diversa e individual. Não pode ser categorizada em termos binários ou através de visões estereotipadas. A via para um entendimento mais profundo passa por uma abordagem holística, que integre as dimensões emocionais, psicológicas e sociais do ser humano.


A psicologia, como disciplina, tem o dever de questionar as normas sociais rígidas e preconceitos que podem limitar a expressão plena da sexualidade feminina. Ela trabalha para promover a autoaceitação, esclarecendo que a sexualidade é uma parte saudável, natural e vital de ser humano.


Nesse sentido, a terapia psicológica pode desempenhar um papel crucial no enfrentamento de atitudes sexuais negativas e preconceitos. Ela pode ajudar as mulheres a compreenderem e aceitarem sua sexualidade, abrindo espaços para o diálogo, a educação e o crescimento.


A sexualidade feminina contemporânea é um campo de batalha e também um espaço de afirmação e liberdade. Erradicar os preconceitos é um trabalho contínuo, mas, à medida que as mulheres continuam se empoderando através de uma maior compreensão de sua sexualidade, a sociedade como um todo pode esperar evolução. É um trabalho conjunto. E, na medida em que evoluímos, todos nós – mulheres e homens, profissionais de saúde mental e pacientes, mães, irmãs e filhas – somos parte essencial dessa mudança. Com isso em mente, é pertinente abordar o preconceito que muitas mulheres enfrentam dentro de suas próprias casas.


Muitas vezes, dentro do lar, o ambiente que deveria ser de suporte e segurança, a mulher é confrontada com um parceiro que ainda perpetua visões arcaicas e preconceituosas em relação à sua sexualidade. Este preconceito pode ser manifestado de diversas formas, como controle, desvalorização, repressão ou até mesmo agressão. Esses comportamentos são reflexos de uma mentalidade que, distante da realidade da sexualidade feminina, busca enquadrá-la em paradigmas ultrapassados e limitantes.


O dia a dia nesses lares pode ser uma batalha contínua, e a psicanálise tem uma função vital em ajudar essas mulheres. Ao criar um espaço seguro para conversas e encorajar a autoaceitação, a terapia pode ser um guia para as mulheres reivindicarem sua sexualidade. Apoiada pela psicologia, a mulher se fortalece para resistir e confrontar os preconceitos, e gradualmente transforma sua própria realidade e, ao fazê-la, também a realidade da sociedade. A batalha ainda não foi vencida, mas cada passo dado em direção ao respeito e ao direito da mulher à sua própria sexualidade é fundamental para essa conquista.

Joana d’Arc foi capturada pelos ingleses, foi submetida a julgamento e sentenciada à morte na fogueira, acusada de bruxaria, falecendo aos 19 anos. No século XX, sua reputação foi restaurada e atualmente é uma das figuras mais célebres da história da França.

Não é porque a mulher é liberta que ela é uma “puta”, ela apenas assim como os homens está explorando a sua liberdade sexual e satisfazendo seus próprios desejos e necessidades. Rotular uma mulher como vulgar ou degenerada com base em sua liberdade sexual é um sintoma de um preconceito cultural profundo e de desrespeito pela autonomia feminina.


A sexualidade feminina é multifacetada, complexa e individual. O entendimento de que cada mulher tem o direito de expressar sua sexualidade de maneira própria e sem julgamento é um aspecto crítico da luta pela igualdade de gênero. O estigma que muitas vezes acompanha as mulheres que são abertamente sexuais é uma forma de sexismo que tem impactos prejudiciais a sua saúde mental e emocional.


Volta a dizer a psicoterapia tem um papel importante na mudança dessa percepção, ajudando a combater esses estereótipos prejudiciais e oferecendo um espaço seguro onde a sexualidade feminina pode ser explorada, entendida e aceita sem medo de julgamento ou repercussão.


É crucial que cada mulher se sinta responsável por suas próprias ações e decisões sexuais, liberada da pressão social ou das opiniões de outras pessoas. À medida que a compreensão e a aceitação da sexualidade feminina venham à frente, o termo “libertada” será mais justamente associado à mulher que se sente confortável, confiante e satisfeita com sua sexualidade.


Certamente, a mulher, assim como os homens, tem o direito de explorar sua liberdade sexual sem o risco de estigmatização. Afinal, a sexualidade é uma parte fundamental da identidade humana e deve ser respeitada e reconhecida como tal. A discussão aberta e a educação em torno da sexualidade feminina são ferramentas essenciais para abolir preconceitos e promover a igualdade e o respeito.


Vanessa Fontana. Psicanalista/ hipnoterapeuta CBPC 2022-624


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