Samara Vanziler Miss Brasil Woman Beauty a caminho do título mundial 2025

Absolute Rio
16 de jul.
4 min de leitura

Atualizado: 18 de jul.

Com raízes indígenas e um coração que pulsa pela Amazônia, Samara Vanziler não é apenas a Miss Brasil Beauty 2025: ela é a representação viva de que a beleza pode — e deve — caminhar lado a lado com propósito. Nascida no Acre, engenheira agrônoma, modelo internacional e ativista ambiental, Samara leva sua história e sua missão para Tenerife, na Espanha, onde irá disputar o título mundial em setembro. Em entrevista exclusiva à Revista Absolute Rio, conduzida por Márcia Dornelles, a musa fala sobre ancestralidade, moda consciente, ativismo e os aprendizados de viver entre culturas.

Por Márcia Dornelles

1. Samara, você tem raízes indígenas e nasceu no Acre, uma terra tão rica em biodiversidade. De que forma essa origem influenciou sua visão de mundo e seu engajamento com as causas ambientais?

Ser filha da floresta moldou tudo em mim — o jeito que olho o mundo, como me alimento, como me relaciono com o tempo e com a terra. Cresci ouvindo as histórias dos meus avós, ex-seringalistas e indígenas, aprendendo sobre as plantas medicinais e vendo o respeito sagrado que meu povo tem pela natureza. Além da moda, decidi estudar a vida amazônica como um todo, por sermos tão ricos em ingredientes naturais. Sempre estive conectada a isso e, após minha participação no Miss Terra 2023, compreendi ainda mais o poder da visibilidade. Com ela, podemos dar voz a projetos de recuperação ambiental, reflorestamento e educação ecológica. Podemos, sim, mudar o mundo — começando pela floresta.

2. Como engenheira agrônoma e modelo internacional, você transita por dois universos aparentemente distintos. Como você equilibra esses dois mundos e encontra pontos de conexão entre a moda e a sustentabilidade?

No começo, eu também achava que eram mundos opostos, mas descobri que são profundamente conectados. A agricultura sustentável e a moda consciente têm em comum o respeito pela origem: de onde vem o que consumimos? Como é feito? Quem está por trás? Hoje, busco colaborar com marcas que valorizam tecidos orgânicos, práticas regenerativas e cadeias produtivas justas. A moda, quando feita com propósito, é uma forma poderosa de comunicar valores e inspirar mudanças.

3. Em setembro, você parte para Tenerife, na Espanha, para representar o Brasil no Miss Beauty 2025. Qual é a principal mensagem que você deseja levar ao mundo através desse título?

Quero levar a mensagem de que a verdadeira beleza está profundamente ligada ao cuidado com a Terra. Vindo do coração da Amazônia, represento não só a diversidade do Brasil, mas também a urgência de proteger nossos biomas. Meu título é um canal para falar sobre justiça climática, inclusão de saberes indígenas e o papel da juventude na construção de um futuro mais equilibrado. Quero mostrar que é possível ser forte, feminina e engajada — tudo ao mesmo tempo.

4. Seu ativismo em prol do planeta é notável. Quais causas ambientais têm te mobilizado recentemente e que ações concretas você acredita que a sociedade deveria adotar com mais urgência?

Tenho me envolvido especialmente com projetos de sustentabilidade que reutilizam tecidos coletados em malharias e transformados por mulheres em processo de reconstrução de vida após experiências de violência. Essas mulheres produzem roupas para crianças em comunidades carentes, unindo inclusão social e impacto ambiental positivo. Além disso, participo de campanhas de educação ambiental junto a comunidades ribeirinhas. Acredito que precisamos, com urgência, investir em educação ecológica desde a infância, regulamentar o uso responsável do solo e valorizar os conhecimentos ancestrais das populações tradicionais. A sociedade precisa entender que cada escolha — até a embalagem de um produto — tem impacto.

5. No Rio de Janeiro, você posou para a nova coleção da estilista Maísa Gouveia. Como foi esse encontro entre moda autoral e sua missão de representar a beleza com propósito?

Maísa tem uma sensibilidade ímpar para criar peças que contam histórias. Vestir tecidos que carregam ancestralidade e processos éticos me fez sentir que estava usando não só arte, mas também uma causa. A beleza com propósito é aquela que emociona, transforma e eleva — e esse editorial foi exatamente isso.

6. Você já foi eleita Miss Acre Terra 2023 e agora carrega o título de Miss Brasil Beauty. O que mudou em sua vida e em sua forma de se posicionar como mulher, profissional e ativista desde então?

Esses títulos me deram não só visibilidade, mas responsabilidade. Hoje me sinto mais fortalecida para ocupar espaços que antes pareciam distantes. Como profissional, aprendi a usar minha formação para influenciar decisões e projetos sustentáveis. E como ativista, tenho buscado ser ponte entre comunidades invisibilizadas e os grandes centros. Minha voz agora alcança mais pessoas — e isso é uma ferramenta que uso com muito respeito. Um momento marcante foi quando estive na Casa Rosa Mulher para um debate com mulheres que enfrentam situações difíceis. Compartilhar, ouvir e inspirar foi muito emocionante para mim.

7. Viver entre países, culturas e compromissos certamente amplia o olhar. Qual tem sido o maior aprendizado dessa vida internacional e qual mensagem você deixaria para jovens brasileiras que sonham em usar sua voz para transformar o mundo?

O maior aprendizado é que ser brasileira é um privilégio enorme — especialmente quando carregamos a força da nossa terra e das nossas origens. No exterior, percebo o quanto o mundo admira nossa cultura, nossa biodiversidade e nossa capacidade de resistência. Para as jovens brasileiras, eu diria: não tenham medo de ocupar espaços. Se especializem, se capacitem, porque as oportunidades virão. A história de cada uma tem valor. E quando falamos com verdade, o mundo escuta.