Quais são as vantagens e desvantagens no uso de IA na educação?
- Absolute Rio
- há 50 minutos
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O uso da Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade nos diferentes níveis de ensino, sendo que escolas e universidades já estão testando, implementando e regulando o uso de recursos inteligentes para personalizar o ensino, otimizar tarefas administrativas e melhorar o processo de aprendizagem.
Atualmente, IAs generativas guiadas têm sido aplicadas para tutoria personalizada e apoio pedagógico tanto em plataformas internacionais, como aquelas focadas no ensino de idiomas, como por renomadas universidades país afora.
Entretanto, no ensino superior no Brasil, o desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre inovação e responsabilidade, garantindo que as novas aplicações sejam parceiras de um ensino cientificamente embasado e robusto.
As principais vantagens da IA no aprendizado
A implementação das ferramentas e recursos de Inteligência Artificial tem potencial promissor quando bem planejada e adequada às necessidades e contexto dos alunos, professores e corpo técnico-administrativo.
Personalização do ensino
O efeito pedagógico mais promissor da IA é a personalização do ensino. Nesse caso, os algoritmos ajudam a mapear lacunas individuais de aprendizagem, sugerir trilhas customizadas e adequar o percurso de aprendizado ao ritmo de cada estudante.
Isso é especialmente estratégico no ensino superior brasileiro, que recebe alunos de níveis de escolaridade muito heterogêneos.
Em cursos complexos e com conteúdo denso, a IA pode funcionar como um reforço escolar individualizado: o aluno pode perguntar, explicar de novo, solicitar exemplos e variar o nível de profundidade quantas vezes quiser, ampliando seu repertório.
Eficiência para professores
A IA também tem potencial de economizar tempo dos docentes, quando usada de forma adequada e equilibrada no ambiente de ensino.
Atualmente, a carga horária do professor universitário é cada vez mais administrativa, incluindo tarefas como criação de planilhas e quadros de notas, formulação de feedback das atividades e redação de instruções e comunicações, o que poder ser otimizado pelas ferramentas de IA.
Assim, o professor pode dedicar seu tempo em tarefas que agregam mais como o planejamento pedagógico, produção científica, atendimento individual qualificado e formação continuada.
Aumento de produtividade
Um estudo da Universidade de Stanford identificou ganhos de produtividade de aproximadamente 40% ao usar a IA como assistente de escrita, especialmente na revisão dos materiais.
O benefício se estende a toda a comunidade acadêmica, com estudantes produzindo rascunhos e fichamentos melhores em menos tempo, os docentes na preparação de materiais e avaliações iniciais e técnicos em tarefas como elaboração de minutas administrativas e relatórios.
Desafios da IA em sala de aula
Apesar dos potenciais ganhos relacionados à Inteligência Artificial na educação, é indispensável que responsáveis pela transformação digital, bem como os usuários, estejam cientes das limitações e desafios da tecnologia.
Inclusão digital
As ferramentas podem ser usadas para apoio a alunos com necessidades especiais, mas os organismos internacionais como UNESCO e OCDE enfatizam que a inclusão depende do uso correto e ético da IA. Entre as aplicações possíveis destacam-se:
transcrição em tempo real para surdos;
leitura automatizada para pessoas com deficiência visual;
simplificação textual para alunos com dislexia;
tradução simultânea para alunos estrangeiros.
Para que a IA possa ser usada em prol da inclusão digital é indispensável que as práticas em sala de aula sejam baseadas em políticas institucionais e não no improviso.
Dependência tecnológica
Quando a IA substitui o processo mental, perde-se a capacidade de aprendizagem profunda e problemas adicionais incluem a perda da perspectiva crítica, da capacidade de focar e de se concentrar.
Na saúde e nas ciências biológicas, por exemplo, um risco considerável é o estudante se tornar um “digitador de perguntas”, sem internalizar conceitos fundamentais de anatomia e fisiopatologia, que serão exigidos no mercado e necessários à prática profissional diária.
Portanto, é importante fazer um uso responsável de tecnologia, no qual ela funcione como ferramenta e não como muleta.
Plágio e uso indevido
Alunos e docentes devem estar cientes dos regulamentos da universidade acerca da IA. O plágio continua proibido e copiar e colar texto gerado por IA é equivalente a copiar um texto de um site sem fonte.
A solução não é banir a Inteligência Artificial na educação, mas ensinar práticas corretas, como usar a ferramenta como apoio para organizar ideias, revisar clareza e gramática do texto, testar hipóteses, entre outras, mas nunca como autor de conteúdo.
Privacidade e segurança de dados
Ferramentas gratuitas muitas vezes coletam dados e as universidades precisam avaliar critérios antes de aderir a uma ou outra tecnologia, principalmente quando ela for usada por todo o corpo universitário. Questões relevantes a serem consideradas incluem:
onde ficam os dados;
quem tem acesso;
níveis de segurança e criptografia;
política de retenção e processamento de dados.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) se aplica ao contexto educacional e mais importante é que os dados educacionais como notas, informações de cadastro, interações com professores e histórico acadêmico são sensíveis, o que significa que demandam níveis adicionais de proteção.
A IA na educação pede equilíbrio
Tudo indica que o uso da Inteligência Artificial na educação será permanente, mas é indispensável que essa adoção seja equilibrada para viabilizar formação ética, qualidade do ensino e aprendizado, qualificação do professor e, ao mesmo tempo, eficiência e produtividade.
Não se trata de “substituir o professor” ou “automatizar o aluno”, mas de propiciar mais tempo e recursos para formação crítica e embasamento científico.
A IA na educação tem potencial transformador em diferentes áreas como educação física, veterinária, medicina e muitas outras. O importante é que essa transformação seja intencional, regulada e pedagógica para ampliar as vantagens e gerenciar as desvantagens.




