AÇÃO DA CIDADANIA LANÇA AÇÃO EDITORA

Celebrando os 90 anos de nascimento de Herbert de Souza, o Betinho, a Ação da Cidadania passa a atuar também no universo dos livros, com a criação da Ação Editora. O selo estreia no mercado em setembro com três obras de forte relevância social: “Machado, o Filho do Inverno”, do escritor e pesquisador C.S. Soares, biografia sobre a negritude de Machado; “Matou Uma, Matou Todas”, do premiado jornalista Klester Cavalcanti, que reúne histórias reais de vítimas de feminicídio; e “O Prato Vazio”, livro infantil de Adriana Falcão e Bruno de Almeida sobre desigualdade e fome. O lançamento oficial será no dia 18 de setembro, quinta-feira, na sede da ONG no Rio de Janeiro, quando os títulos também entrarão em pré-venda.

À frente da iniciativa estão Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação e filho de Betinho, Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da organização, e Pascoal Soto, diretor Editorial, que editou Betinho nos anos 1990 e teve passagens como editor e executivo da Moderna, Leya e Planeta, entre outras. 

Para Daniel Souza, a Ação Editora nasce com o propósito de reafirmar a literatura como instrumento de transformação social. “Queremos aproximar os livros das populações mais vulneráveis, entendendo a leitura como direito fundamental e de defesa da dignidade humana e da cidadania, sendo também um ponto de Parte do lucro das vendas será revertido em ações sociais da Ação da Cidadania, fortalecendo o compromisso que sempre guiou a nossa trajetória”, explica.

Já Pascoal Soto acrescenta. “A Ação Editora quer ir além. Vamos publicar livros que funcionem como ponto de partida para a ação. Iremos promover, em sua radicalidade, os princípios básicos da democracia – igualdade, solidariedade, diversidade, participação e liberdade. Em contrapartida, seremos implacáveis em denunciar as violações aos nossos direitos constitucionais e cidadãos. Celebraremos as vidas e as vozes consagradas da nossa cultura, mas também queremos ser uma casa que revela novas e potentes vozes para a literatura brasileira”, argumenta. 

A linha editorial da Ação Editora contempla obras de ficção, não-ficção, infantis e juvenis. No horizonte próximo, está também o relançamento das obras de Betinho, incluindo títulos históricos que registram suas reflexões sobre cidadania, fome, direitos humanos e participação popular. A editora publicará ainda livros de seus irmãos: o cartunista Henfil, cujo humor crítico marcou gerações, e o músico Chico Mário, conhecido por seu trabalho artístico e social.

“Mais do que publicar livros, queremos consolidar a Ação da Cidadania como um agente cultural ativo. Nossa editora vai articular memória e crítica social com inovação editorial, abrindo caminhos para que novas narrativas, novos autores e novas leituras ganhem espaço no cenário literário contemporâneo, celebrando também o passado de quem foi importante para a história do Brasil”, pontua Kiko Afonso. 

Os três livros de estreia da Ação Editora são:

1 – “Machado, o Filho do Inverno” - Vol. 1, do escritor e pesquisador C.S. Soares. A biografia sobre a negritude de Machado tem capa e projeto gráfico de Victor Burton, devolvendo a sua identidade negra e sua relevância no século XXI. A escolha de um autor negro para escrever a biografia de Machado não é casual: é um gesto consciente de reparação e de posicionamento, que inaugura o catálogo com densidade crítica e relevância social.

2 – “Matou Uma, Matou Todas”, do premiado jornalista e escritor Klester Cavalcanti. A obra traz histórias reais de vítimas de feminicídio e da luta contra esse mal que assola o Brasil. Com posfácio de Luiza Trajano, reconstrói com sensibilidade as trajetórias de mulheres assassinadas brutalmente por seus companheiros ou ex-companheiros. É uma obra essencial para quem acredita que contar essas histórias é um passo necessário para encarar de frente essa tragédia — que não é acidental, nem inevitável.

3 – “O Prato Vazio”, da roteirista e escritora Adriana Falcão e do pesquisador e designer Bruno de Almeida, atualmente radicado em Portugal, que também assina as ilustrações. O livro convida os pequenos leitores a olhar o mundo — e as desigualdades que o atravessam — do ponto de vista inesperado de um prato; num apelo urgente à empatia, à solidariedade e à ação frente à fome e à desigualdade social.

Fotos de Cristina Granato