Por Dr. Marcio Rogério Renzo
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), desde 2017 e a pandemia só fez agravar este quadro. Segundo ainda a USP (Universidade de São Paulo), 63% dos brasileiros apresentam algum quadro ansioso e 57% são depressivos. Desta forma, o risco de suicídio é aumentado.
Outro dado alarmante vem do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema único de Saúde), segundo o órgão nos últimos 20 anos o número de suicídios dobrou, passando de 7 mil para 14 mil eventos, praticamente uma pessoa comete suicídio a cada hora. Este número é maior do que o número de mortos em acidentes de moto, no mesmo período.
Como vimos, a pandemia causou um verdadeiro “boom” nos casos de transtornos mentais relacionados à depressão e ansiedade. No mundo o aumento dos casos de ansiedade foi da ordem 25,6% e os de depressão 27,6% em 2020.
A campanha Setembro Amarelo veio para dar ênfase nessa atenção, desde 2014.
Infelizmente não são todos os países que investem neste tema, apesar de declararem que o fazem. Apenas 38 países têm políticas relacionadas à prevenção ao suicídio.
O evento suicídio é complexo e depende de vários fatores. Transtornos psíquicos de ansiedade, humor e personalidade (depressão), boderline, bipolaridade, abuso de substâncias entorpecentes estão entre os principais atingidos. Porém problemas com o bullying, perdas afetivas, dificuldades no trabalho, conflitos familiares, doenças terminais ou crônicas podem desencadear ideações suicidas também.
Pessoas que têm ideações suicidas costumam dar sinais e precisamos estar atentos para identifica-los e poder ajudar o quanto antes.
Alterações comportamentais, mudanças de humor, verbalizações, isolamento social e abuso de substâncias (drogas, álcool, etc.) são sinais de que a pessoa está buscando ajuda.
Mas como a pessoa se mostra no dia-a-dia?
Como vimos, as pessoas dão sinais de que não estão bem. As alterações comportamentais são mostradas quando a pessoa deixa de fazer coisas que anteriormente lhe dava prazer; deixa de fazer coisa, alegando que está cansada demais; ficam confusas para resolver problemas que antes eram facilmente resolvidas; tem muita dificuldade em tomar decisões.
As alterações de humor se mostram de forma drástica. A pessoa está otimista em relação a algo e tornam-se totalmente pessimistas. Ou são agitadas e eufóricas e passam a ser apáticas e lentas.
Nas verbalizações ou nos “alarmes verbais”, como chamamos, a pessoa começam a proferir a intenção de tirar a vida, que sua vida não vale nada, etc.. são sinais de que algo não está bem.
Uma das principais características do suicida é o isolamento social. O indivíduo deixa de frequentar reuniões familiares, profissionais, não procuram mais os amigos. Tem a solidão como sua principal companhia.
Por fim, os suicidas tendem a buscar o consumo excessivos de bebidas alcoólicas, medicamentos e outras drogas psicoativas. Estudos demonstram que pessoas com depressão
ou outros transtornos relacionados ao uso de drogas têm 50% maiores de chances de cometer o suicídio.
Onde procurar ajuda?
No Brasil, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que foi instituída em 2011, pelo Ministério da Saúde, criou uma gestão integrada e descentralizada dos meios de atendimento que passa pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), passando por leitos de hospitais gerais e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU – Telefone 192) e outros serviços de urgência e emergência, com a finalidade de diagnosticar as
necessidades de saúde em cada uma de suas áreas, de forma a organizar os cuidados em saúde mental e efetivar a atenção psicossocial às pessoas com ideação suicida e a seus familiares, por meio da elaboração de ações terapêuticas e monitoramento de cada caso.
Outra forma de buscar ajuda é através do Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização não-governamental que atual em todo o país pelo telefone 188 (24 horas por dia, todos os dias) e também por meio de atendimentos presenciais, nas principais cidades de todos os Estados da federação.
Em caso de emergência, caso você se depare com alguém atentando contra a própria vida, ligue 192 para o SAMU ou 193 para o Corpo de Bombeiros.
Sua atenção e ajuda pode salvar uma vida. A vida é nossa melhor escolha. Sempre!
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