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Foto do escritorMarisa Araujo

Apagão na Educação: Como Sobreviver em um País Sem Professores?


Imagine um futuro em que salas de aula estão repletas de alunos... mas sem professores. Um

cenário que pode parecer distópico, mas está cada vez mais próximo da realidade brasileira.

Nos últimos 10 anos, o número de inscritos em cursos de licenciatura tem caído

drasticamente, e apenas 5% dos recém-formados no ensino médio expressam interesse em

seguir a carreira docente.


Essa profissão, historicamente associada ao heroísmo e à nobreza, hoje carrega o peso de uma imagem desgastada, marcada por baixos salários, condições de trabalho precárias, e um

prestígio social reduzido. Para muitos jovens, o magistério deixou de ser uma vocação e

tornou-se uma alternativa apenas para aqueles com baixas perspectivas profissionais, vista

como uma forma de ascensão mais acessível devido à relativa facilidade de ingresso na

carreira.


Os desafios não param por aí. A superlotação das salas de aula, o alto nível de adoecimento

entre os profissionais, e as contratações temporárias recorrentes em detrimento de concursos

públicos tornam o cotidiano dos professores ainda mais difícil. Além disso, as competências

necessárias para o exercício da profissão, as demandas do mercado e as condições reais de

trabalho são mal-informadas aos jovens, criando uma lacuna entre a narrativa idealizada do

magistério e a realidade desafiadora da profissão.


O Brasil enfrenta, assim, uma crise iminente: uma profissão desvalorizada, que deveria ser o

alicerce de uma sociedade desenvolvida, está sendo abandonada. O que resta é perguntar:

como reverter esse quadro antes que as consequências se tornem irreparáveis?

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O grande desinteresse: Por que ninguém quer ensinar?

Para começar, que jovem em sã consciência escolheria uma carreira onde o salário é uma

piada de mau gosto, o respeito é artigo raro, e o futuro profissional é tão promissor quanto o

de um escritor de enciclopédias em pleno século XXI?


Os cursos de licenciatura estão esvaziados, e não é difícil entender por quê: o trabalho de

professor virou sinônimo de estresse crônico, com jornadas que misturam aulas superlotadas, infraestrutura sucateada e – por que não? – uma pitada de violência.

Enquanto isso, professores enfrentam rotinas que misturam baixos salários e alta carga

emocional. Ah, e não podemos esquecer o bônus: a instabilidade constante com concursos

escassos e contratos temporários, que tornam o magistério mais precário do que muitas

ocupações informais – “Se eu posso trabalhar no comércio ou na indústria pelo mesmo valor que é pago aos professores com melhores condições de trabalho, mais benefícios e menos trabalho, por que vou me dedicar a uma carreira que exigirá a minha vida inteira de estudos e baixo reconhecimento?”


O jovem em idade produtiva não raro pensa assim. Ele vai buscar soluções para o seu

problema – sobreviver.


E, claro, quem persiste até o final do curso descobre que o diploma é quase um convite para o

desemprego ou, na melhor das hipóteses, para contratos temporários que mais parecem

bicos.

Formação: a realidade paralela

Os cursos de formação de professores, além de esvaziados, sofrem de outro mal crônico: a

desconexão com a realidade.


Enquanto o mundo discute ensino híbrido, inteligência artificial e metodologias ativas, nossas licenciaturas se apegam a debates ideológicos que, embora importantes, não suprem a

necessidade urgente de ensinar como ensinar.


Não é surpresa, portanto, que muitos licenciados "abandonem o barco" antes mesmo de entrar na sala de aula. E quem poderia culpá-los? Eles são preparados para transformar a sociedade, mas não para lidar com a falta de giz ou com alunos que preferem TikTok às aulas de história.


O que fazer? (rezar, talvez...)


O que precisamos para reverter esse quadro? Bem, para começar, uma política séria de

valorização da carreira.


Concursos regulares, salários decentes, infraestrutura adequada e segurança nas escolas

seriam um bom ponto de partida. Mas isso exige prioridade, e a educação, convenhamos, não

é exatamente o setor mais sexy na política nacional.


Ah, e que tal modernizar os cursos de formação, integrando didática, tecnologia e práticas

reais de ensino? Ou será que é pedir demais esperar que as universidades formem professores aptos para enfrentar o mundo de 2024 (e não o de 1984)?

Novos caminhos: A tendência tecnicista

A tendência tecnicista na educação tem emergido como uma alternativa para suprir as

necessidades dos alunos de forma integral, especialmente em um contexto onde a formação

para o mercado de trabalho é priorizada. Essa abordagem valoriza o uso de tecnologias

educacionais, estratégias pragmáticas e métodos baseados em competências, com o objetivo

de preparar os estudantes não apenas academicamente, mas também para os desafios

práticos da vida profissional. Ao integrar conteúdos teóricos com habilidades aplicáveis, o

tecnicismo busca formar indivíduos mais autônomos, eficientes e prontos para contribuir de

maneira significativa em suas áreas de atuação.

O fim de um ciclo?

Se nada mudar, o Brasil pode ter que lidar com um apagão educacional que comprometerá

não apenas a próxima geração, mas todo o futuro do país.


Afinal, sem professores, não há educação. E sem educação... bem, sobram memes no Twitter,

uma sociedade cada vez mais alheia aos desafios econômicos e sociais e totalmente isolada do restante do mundo.


Por isso, a pergunta que fica é: estamos prontos para lidar com as consequências de décadas

de descaso? Ou vamos apenas assistir ao colapso e fingir surpresa quando ele chegar?


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