Apresentar um resumo histórico da obra de Tunga através de trabalhos criteriosamente selecionados foi o objetivo que conduziu o projeto dessa exposição intitulada Vê-nus; a primeira mostra do artista na galeria Luhring Augustine em Nova Iorque desde sua morte em 2016. Com mais de 60 trabalhos, muitos deles inéditos, a exposição é uma síntese retrospectiva que apresenta as relações e desdobramentos que se metamorfoseiam desde a década de 1970 – Tunga realizou sua primeira individual em 1974 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) –, até pouco antes do seu falecimento. Além do desenho – ao qual se dedicou durante toda sua vida -, sua inquietude artística o levou a outras práticas artísticas e os trabalhos reunidos em Vê-nus revelam a dimensão de seus múltiplos interesses que transitavam livremente por diversas áreas do conhecimento, como arte, literatura, ciência e filosofia, e que se integravam todas no seu singular imaginário erótico. “Essa erudição produtiva, fluída, inclassificável, se expandia e se fixava em cada ideia e de obra a obra. Esse domínio refinado de interesses deu à obra de Tunga um ar precioso, longamente elaborado e destinado à permanência”, observa Paulo Venancio Filho, curador da exposição.
O espaço expositivo apresenta alguns dos momentos mais significativos da trajetória do artista, sem qualquer tipo de hierarquia ou cronologia, fiel ao seu pensamento contínuo, circular, sempre se ampliando mais e mais. Estão presentes desde seus primeiros desenhos abstratos quando era um jovem de menos de vinte anos, passando por Vê-nus, sua intrigante versão do nu da deusa da beleza da antiguidade, pelos importantíssimos Eixos Exógenos onde o perfil feminino recortado de um tronco de madeira joga com a alternância entre figura e fundo, até sua última série de desenhos, From La Voie Humide e as esculturas da série Morfológicas. Como poucos artistas contemporâneos, Tunga (1952-2016) explorou as mais diversas mídias e materiais, – como imãs, vidro, feltro , borracha, dentes, ossos – impregnando-os de uma estranheza poética, não familiar e, através de sua peculiar prática metamórfica, propunha experiências e práticas artístico/poéticas díspares, heterogêneas e heterodoxas. Seus trabalhos buscam explorar tanto o apelo simbólico e físico dos materiais como sua articulação plástica e poética, e se encontram lado a lado a sua intensa obsessão pelo desenho. Sobretudo, o desenho nunca foi para ele apenas um esquema ou projeto, mas uma realização em si, indissociável e fundamental para a produção e compreensão da totalidade do trabalho. O desenho como raciocínio e realização está presente em Vê-nus em toda a sua extensão e relação com os trabalhos tridimensionais. A interação metabólica em constante dinâmica e mutação, entre mídias e materiais que se apresentam ao longo de quase meio século, é a característica fundamental de Tunga que a exposição enfatiza, percorrendo sua extensão num conjunto de trabalhos que vão do início ao fim de sua obra e vice-versa, dobrando-se sobre si mesmo em cada um e em todos os seus momentos. Grande parte da obra do artista que se encontra nesta mostra está sob a guarda do Instituto Tunga, que tem a responsabilidade de manter, divulgar e resguardar seu legado. “O Instituto Tunga vem trabalhando intensamente na catalogação das obras deixadas pelo meu pai. As obras em papel constituem uma base muito importante do pensamento tunguiano, através delas percebemos como as idéias surgiram e passaram por todo um processo evolutivo até se desdobrarem em esculturas, performances, instalações ou instaurações, como ele gostava de chamar”, diz Antônio Mourão, filho do artista e diretor do Instituto Tunga. E como afirma Clara Gerchman, co-fundadora e gestora do acervo do Instituto Tunga; “esta exposição é uma oportunidade única de poder descobrir e trabalhar diretamente com o acervo do artista. Ele nos deixou um legado imenso que vai muito além das tão conhecidas esculturas e instalações, e revela contínua prática do desenho. Nesse sentido Vê-nus e suas afinidades é um marco". Dentro da programação de abertura, o curador da exposição Paulo Venancio Filho e a curadora de Arte Contemporânea do New Museum, de Nova Iorque, Vivian Crockett, conversam sobre a formação, referências e as expressões poéticas do artista. Este evento acontece na Luhring Augustine Tribeca, no dia 14 de janeiro, às 15h. https://www.instagram.com/institutotunga/ https://www.tungaoficial.com.br/pt/
O Instituto Tunga
O Instituto Tunga foi criado em 2017 para preservar a memória do artista, salvaguardar as obras e difundir seu importante legado. Desde a sua criação já foram realizadas exposições no Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte do Rio de Janeiro, Galeria Millan, Galeria Franco Noero, Itaú Cultural e Instituto Tomie Ohtake.Em 2021 o Instituto iniciou o projeto do Catálogo Raisoneé, com a catalogação das obras bidimensionais do artista.
Vê-nus
Curador: Paulo Venancio Filho Local: Galeria Luhring Augustine Tribeca, 17 White Street, New York, NY 10013 Tel: 646.960.7540 Período: 13 de janeiro a 25 de fevereiro de 2023 Recepção de abertura: 13 de janeiro, das 17h30 às 19h30. Evento: dia 14 de janeiro, às 15h, haverá uma conversa entre o curador da exposição, Paulo Venancio Filho, e a curadora de Arte Contemporânea do New Museum de Nova Iorque, Vivian Crockett. LEAD Comunicação – Rio de Janeiro | Brazil (55 21) 99348-9189 leadcom@terra.com.br skype: lead.comunicacao1 www.leadcomunicacao.com Informação para imprensa : LEAD Comunicação - leadcom@terra.com.br 21. 2222- 9450 / 21. 9 9348-9189
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