Com o propósito de criar fortalecimento dos diálogos em prol das liberdades, da tolerância e contras todas as formas de preconceito. Ainda mais diante do cenário atual. A data 5 de Novembro, foi escolhida por ser o “Dia Nacional da Cultura Brasileira”. O Brasil é um país de formação multirracial e por isso carrega um pouco do costume de cada povo que veio morar aqui.
O encontro aconteceu no Salão Nobre, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ). Abriu na parte da manhã com o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos e Prof. Ms. Elê Semog (CEAP). Seguindo conferência de abertura: "Liberdades, diversidade, direitos humanos e as lutas contra a intolerância religiosas no Brasil" - Com: Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, Profª. Drª. Helena Theodoro (LHER/ERARIR/LUPA/UFRJ), Rafael Soares - repórter dos jornais Extra e O Globo e da revista Época, especializado na cobertura de Segurança Pública e Direitos Humanos.
"É um assunto que a imprensa trata de uma forma superficial e isso me incomodava. Minha busca começou de forma simples. Comecei a mapear os terreiros atacados. Hoje não existem mais terreiros em alguns bairros, que foram impedidos de realizar suas atividades". afirmou Rafael Soares, que produziu uma matéria de capa recentemente na Revista Época, onde traça um paralelo com intolerância religiosa e o tráfico de drogas no Rio.
Na parte da tarde, a segunda mesa debateu "Liberdades". com Prof. Dr. Marcelo Alonso Morais - Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC Rio, Profº. Drº. Renato Emerson dos Santos - Coordenador do NEGRAM (Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Geografia, Relações Raciais e Movimentos Sociais) do Laboratório ETTERN/IPPUR, da atriz Duaia Assumpção - Representante da APTR e com a Profª. Drª.Helena Theodoro.
O pesquisador Renato E. dos Santos, apresentou algumas teorias, historicamente, do "branqueamento territorial", afirmando ainda "Hoje, o movimento negro vem conseguindo conquistar seus direitos, mas ainda é pouco". Assim como Marcelo A. Morais, que contextualizou - "Há ainda uma necessidade de negociação para uso de espaços e visibilidades".
Antes de começar a 3ª mesa, foi exibido o documentário "Nosso Sagrado". Produzido pela Quiprocó Filmes, com 30m, dirigido por Fernando Sousa, Gabriel Barbosa e Jorge Santana, o filme foi censurado recentemente, o caso está em andamento na justiça. Aborda a perseguição e o racismo religioso contra o Candomblé e a Umbanda, religiões criminalizadas durante a Primeira República e a era Vargas.
Logo em seguida, roda de conversa com o tema "Religiosidades, Culturas, Pluralidade e Liberdades", debate com Fabíola Machado, cantora e produtora do Moça Prosa, Fernando Sousa - Cineasta Júlio Dória - Doutorando em História Social pela UFRJ e fundador da Escola Quilombola Cafundá Astrogilda e Sami Brasil- Baile Black Bom.
A quarta e última mesa contou com Ivanir dos Santos, Prof. Dr. Wallace Morareis (PPGHC), Pastor Kleber Lucas (Mestrando PPGHC), onde cada um traçou experiências pessoais sobre liberdades.
"Cá do meu canto, enquanto pastor das tradições evangélicas no Brasil e pesquisador no campo das Histórias das Religiões, me pego em meio à tantas questões que, ao meu ver e dentro das minhas experiências, me fazem "tentar" entender o porque do crescimento da intolerância religiosa", afirmou o cantor Kleber Lucas.
Em seguida, o Ivanir dos Santos autografou o livro, recém lançado pela Pallas - "Marchar Não é Caminha". No meio do manuscrito e dedicatória, Ivanir foi homenageado com um quadro com fundo em espelho, com uma foto sua, tendo ainda uma prece em yorubá. O Presente foi uma ideia de Leandro D"Ayra e Glória D'Orum, da ala das baianas do Salgueiro, e elas estavam lá, todas lindas.
Assim, no mês em que é celebrado a "Consciência Negra" e no dia Nacional da Cultura, pesquisadores, acadêmicos, artistas, escritores, religiosos e defensores dos direitos humanos, todos reunidos abordando os desafios para a promoção das liberdades e posicionamento sobre a garantia dos direitos no estado e os princípios da laicidade. Contou ainda com participação de alunos do mestrado e doutora com perguntas e presenças como o Secretário de Cultura e Lazer e Direitos Humanos e Igualdade Racial de São João de Meriti - Marcelo Rosa, entre outros. Fechando o simpósio com um coquetel assinado por Rosa Perdigão, para o café da manhã e acarajés no encerramento.
Fotos de Rozangela Silva